O drama de enfrentar um adversário mais fraco

Desde 2006, quando iniciou seu período de reconstrução após o rebaixamento, o Grêmio tem se especializado em algo pouco glorioso: cair para adversários menos cotados em mata-matas. A triste rotina se repetiu na última quarta-feira, diante de um Atlético-PR que faz grande campanha, mas que conta visivelmente com menos recursos, tanto técnicos quanto financeiros.

Nesta triste compilação de fracassos, não incluímos eliminações para times do interior no Gauchão, como o Juventude em 2008 e 2013 ou o Caxias em 2012, nem a queda para times melhores que os seus nos momentos em que elas ocorreram, como para o Boca Juniors em 2007, Cruzeiro em 2009, o Santos em 2010 ou a Universidad Católica, em 2011. Nem mesmo o sólido time de Mano Menezes escapou de um fiasquinho. Quatro das seis disputas ocorreram nos últimos 18 meses.

Copa do Brasil 2006: o 15 de Novembro já não era mais aquele que incomodava a Dupla Gre-Nal no Gauchão e foi semifinalista da Copa do Brasil. Porém, três semanas antes de reestrear no Campeonato Brasileiro, o Grêmio de Mano Menezes caiu nos pênaltis para a equipe de Campo Bom. Perdeu por 1 a 0 no Sady Schmidt, gol contra de Lucas, pariu uma bigorna para devolver o placar no Olímpico, mas caiu nos pênaltis. Com reforços chegando a partir de abril e maio daquele ano, o Tricolor seria o 3º colocado do Brasileirão.

Copa do Brasil 2008: o adversário era o Atlético-GO, então clube de terceira divisão do futebol brasileiro. A equipe de Celso Roth levou 2 a 1 em Goiânia, perdendo uma invencibilidade de 21 jogos na temporada, devolveu o placar no Olímpico, mas perdeu nos pênaltis. Com alguns reforços medianos, o time seria vice-campeão brasileiro no fim da temporada.

Copa do Brasil 2012: o confronto só era considerado parelho pela camiseta dos dois clubes, mas Grêmio e Palmeiras viviam momentos bem diferentes. O Verdão eliminou o Tricolor fazendo 2 a 0 em pleno Olímpico e segurando um empate em 1 a 1 na Arena Barueri. Foi campeão da Copa do Brasil, mas a debilidade da equipe não impediu uma queda à Série B quatro meses depois. O Grêmio fez grande campanha no Brasileiro, chegando no 3º lugar. Fez simplesmente 37 pontos a mais que a equipe paulista, mais do que o dobro.

Copa Sul-Americana 2012: o Grêmio vinha desgastado por uma temporada longa, mas era tecnicamente bem superior ao Millonarios. Jogou para o gasto e fez 1 a 0 no Olímpico. Saiu à frente e dominou o primeiro na Colômbia, dando a entender de que passaria adiante. Mas levou três gols na etapa final e acabou eliminado. Naquela mesma edição do torneio, o Tricolor passou dificuldades e quase caiu para Coritiba e Barcelona-EQU, dois times igualmente inferiores ao seu.

Libertadores 2013: foram vários sustos. Primeiro, vitória sobre a LDU nos pênaltis, na fase inicial. Na etapa de grupos, derrotas para Huachipato e Caracas, equipes bem piores que o estrelado Grêmio de Vargas, Barcos, Elano e Zé Roberto. Nas oitavas, não houve jeito: o Santa Fé perdeu por 2 a 1 na Arena, mas fez 1 a 0 em Bogotá mesmo com o Tricolor passando 10 dias lá concentrado para se adaptar à altitude, ganhando no saldo qualificado. O time colombiano chegou às semifinais da Libertadores, uma campanha histórica, mas era visivelmente menos qualificado em termos técnicos.

Copa do Brasil 2013: após passar por Santos e pelo campeão do mundo Corinthians, parecia que o pior já havia passado. Restavam na Copa do Brasil o instável Flamengo e duas equipes surpreendentes, mas de muito menos recursos: Goiás e Atlético-PR. O jejum de grandes títulos parecia próximo do fim, mas deu tudo errado. O Grêmio pegou o Furacão na semifinal, equipe organizada, sólida, de grande campanha no Brasileiro, mas modesta em termos de elenco. Perdeu por 1 a 0 em Curitiba, não conseguiu sair de um 0 a 0 na Arena e acabou eliminado novamente.

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