Vêm aí os jogos do ano

O Grêmio passou muito bem pelo Fluminense, com grande superioridade. Numa fase já adiantada da Copa do Brasil, foi o único time que conseguiu se classificar ganhando as duas partidas. Ontem, fez um primeiro tempo administrativo. Jogo chato, de poucas chances de gol, e uma arbitragem que não deixava as ações correrem, inúmeras eram as faltinhas marcadas. No segundo, voltou novamente melhor, com outra atitude. O Grêmio tem sobrado na etapa final, tanto em preparo físico como em postura. Ótimo, mas falta equilibrar com 45 iniciais mais firmes, para que uma maior regularidade dentro da própria partida seja finalmente estabelecida.

E parece ser justamente este um dos únicos aspectos a se corrigir no time de Silas. Hoje, os três setores do time funcionam. O Grêmio começou o ano com um grande ataque, mas faltavam defesa e meio. A partir da chegada de Rodrigo, a zaga foi consertada. Ontem, mesmo sem ele, o sistema defensivo funcionou muito bem. Mas faltava o equilíbrio no meio. Com Adilson na primeira e Hugo fazendo uma espécie de segundo volante pela esquerda, este equilíbrio se atingiu. Fábio Rochemback, que fez a função de Hugo, mas pelo lado direito, fez muito boa partida.

O Fluminense até não fez um mau primeiro tempo. Criou poucas chances, ainda assim mais que o Grêmio. Foi um jogo extremamente truncado, e Heber Roberto Lopes, notório marcador de “faltas”, colaborou para que isto ocorresse. O fato é que Muricy terá um enorme trabalho pela frente, pois falta qualidade no grupo de jogadores. Sem Fred e com Conca extremamente bem marcado, o Flu chegava esporadicamente pelas laterais (e na direita, sem o afirmado Mariano, jogou o insuficiente Thiaguinho). Assim, André Lima não conseguiu jogar.

Com Borges cansado e Mário Fernandes com o eterno problema nos ombros, o Grêmio pôs em campo Joilson na lateral e Leandro, finalmente no ataque. Ele deu velocidade ao contra-golpe e incendiou o time. Como o Fluminense fizera um primeiro tempo onde deixou claras suas dificuldades de construir o necessário 2 a 0, o tricolor gaúcho foi para cima e mostrou-se muito superior. Douglas entrou no jogo, o que facilitou as coisas. Neuton, especialmente no apoio, fez excelente partida; a cada jogo, afirma-se como o dono da camisa 6. O meio com Adilson preso, um volante pela direita (Rochemback ou Willian Magrão), um pela esquerda (Hugo ou Maylson), e Douglas à frente afirma-se; dá estabilidade e força ao setor. A maior prova de que o time está organizado e com padrão de jogo definido é que o contestável Joilson fez boa partida quando entrou.

Portanto, o Grêmio surge como um dos poucos times no país com possibilidades de fazer frente a este grande Santos, que me desmente e passa mesmo com galinhagem. O São Paulo, por exemplo, não conseguiu; o Atlético-MG sim, não passou, mas deu trabalho. Depois do começo de temporada de euforia, o time de Dorival Júnior baixou um pouco a bola, mas, mesmo sem goleadas sonoras, segue obtendo êxito. A equipe de Silas cresce no momento certo e solidifica uma ideia de time muito consistente e de ótimas peças individuais. Serão dois jogos espetaculares. O Grêmio, com a sorte de campeão que vem tendo, não enfrentará Neymar na partida de ida. É o tricolor contra o time queridinho da imprensa ofensivista brasileira, algo que os gremistas adoram enfrentar.

A outra semifinal
Não é uma surpresa o Vitória chegar até aqui. Parecia com o jogo sob medida após o 1 a 1 com o Vasco, mas levou dois gols e quase ficou fora. Passa, e é favorito diante do Atlético-GO, o maior emergente do futebol brasileiro nos últimos dois anos: ganhou a Série C, subiu para a elite a seguir, venceu estaduais, eliminou o Grêmio na Copa do Brasil de 2008 e chega a um estágio avançado da edição de 2010, ganhando do tradicional, embora fraco e em crise, Palmeiras. Márcio e Marcos, goleiros de ontem, pegaram, cada um, três cobranças. Ou seja, não é bom negócio administrar e chegar a uma disputa de pênaltis com o Dragão. O Grêmio, gato escaldado por 2008, sabe disso, e é bom que Vitória e Santos aprendam desde já.

E a vantagem?
O Corinthians é o maior clube brasileiro sem Libertadores. E continuará sendo, pelo menos até 2011. Investiu pesado numa conquista que não veio, e agora terá de pagar por isso. É um ciclo que pode estar se encerrando. Não sei se Mano Menezes aguentará ficar mais tempo, pois parece muito desgastado. Para o futuro, o ideal seria fazer justamente aquilo que o clube nunca fez: um trabalho de longo prazo, que deixe pedras para seguir a construção, e não um projeto megalomaníaco. Aliás, de que adianta mesmo ser o líder geral de pontos na primeira fase da Libertadores? O Flamengo cresce.

Revanche
Ao contrário do ano passado, quando havia equilíbrio, desta vez o Cruzeiro chega como amplo favorito para o duelo com o São Paulo, pelas quartas de final da Libertadores. Nunca, nas quatro vezes seguidas em que caiu diante de brasileiros, o time do Morumbi chegou a um duelo doméstico tão por baixo. Terça, pariu uma bigorna para eliminar, nos pênaltis, o Universitário; quarta, viu a equipe mineira golear o Nacional por 3 a 0 em Montevidéu e abrir incríveis 6 a 1 no agregado.

Inter
Terá de jogar o que não jogou ainda nesta temporada para superar o Banfield. Atuação mediana, como nos 2 a 0 contra o Cerro ou no 2 a 1 contra o Emelec, não adiantará; atuação boa, como nos 3 a 0 sobre o Quito, talvez não adiante também. Passando, terá de seguir num ritmo de altíssimo nível para superar o Estudiantes, que entrará, seja contra Inter ou Banfield, como favorito.

Foto: Adilson (E) anulou Conca (D) e  foi novamente um dos destaques na vitória do Grêmio (José Doval/Grêmio).

Comentários

Lourenço disse…
É o que eu disse do paradoxo da primeira fase. O Corinthians fez tudo certo ("não basta passar, tem que somar pontos para ficar bem classificado para ter uma tabela amiga"), mas pega o Flamengo. Empata no número de gols, mas não passa por melhor campanha. Pior, não tem direito à prorrogação, pênaltis. Não, após um 0x1 e 2x1, o Corinthians foi eliminado pelo Flamengo. Isso é uma Copa.
Prestes disse…
Num mata-mata entre dois grandes tudo pode acontecer e o Corinthians fez boa pontuação, mas nesta temporada sempre me pareceu que o Timão estava pensando: "daqui a pouco a gente joga, quando precisar a gente acerta".

Eaí, claro, na hora do vamo vê não deu.

Muito isso, pq tb senti, como falou o Vicente, o Mano um pouco cansado.
Gustavo disse…
Pra mim, o caminho está aberto pro Mano se bandear para as bandas ribeirinhas. Me cobrem depois.
Anônimo disse…
Queria agradecer o Atlético MG por nos dar a chance de dar umas boas palmadas na bunda dessa molecada santista. Acabou o recreio!
Chico disse…
Grande vitória do Tricolor do Pampa. Deixaram o Imortal chegar...
Chico disse…
burricy no caderninho!
Chico disse…
Contra a gripe A, tomaflu!
Vicente Fonseca disse…
A primeira é aqui. Gostei.
Lourenço disse…
Eu não sei mais, estava achando que era melhor jogar a segunda aqui. Neymar faria mais falta na Vila. Victor fará mais falta lá.
Lourenço disse…
Por outro lado, dá medo o Grêmio jogar lá sem saber qual resultado é o melhor. Tenho medo de voltar do primeiro jogo eliminado. Nas duas vezes que tiramos o Santos, jogamos a primeira no Olímpico. É complicado, as pessoas ficam horas pensando e pensando qual o melhor caminho, quando não se trata de escolha.
Faraon disse…
Olha, só eu que achei o Ozéia muito bem ontem?

Pra mim, titular ao lado do Rodrigo. Muitíssimo firme, forte e bom cabeceador. Jogou muito mais do que o Mário vinha jogando antes de deslocar a cutícula.

Mário Fernandes na direita!

Bah, ver uma linha de QUATRO ZAGUEIROS lá atrás quase me emociona... hahaha
Vicente Fonseca disse…
Concordo com tudo, Faraon. Mesmo.
Meu medo de jogar a segunda partida na Vila Belmiro é devido a dois motivos simples: 1) o time não conseguir uma boa vantagem de gols no Olímpico; 2) O time dar aquela apagada que deu no primeiro tempo contra o Avaí, quando poderíamos ter fechado o primeiro tempo perdendo de 3x0.

Se a gente vencer de 1x0, por exemplo, certamente o Santos vai dar a vida no primeiro tempo, e é bem provável que tomemos um gol (o Grêmio poucas vezes resistiu às fortes pressões na Vila).

Preferiria mil vezes que jogássemos a primeira lá e fôssemos pro ataque frios, sem nervosismo, sem jogar por resultado, sem porra nenhuma. Era mais fácil de trazer um resultado favorável pra cá e submeter o Santos a uma pressão psicológica no nosso estádio.

Mas enfim, vamos ver como se sai o time na primeira partida.