Não deixe para amanhã...

Foi um bom resultado que poderia ser melhor: o Grêmio poderia (e deveria, devido às circunstâncias) ter definido a passagem de fase hoje mesmo. Uma boa atuação que poderia ter sido mais intensa, especialmente no segundo tempo. No primeiro, não faltou nada: o tricolor encaixotou o Avaí e merecia até mais que 2 a 0. Mesmo antes dos erros de arbitragem, já jogava melhor e sinalizava que o gol era questão de tempo.

Leandro fez aquilo que eu não esperava: executou bem a função de Maylson, jogando e marcando com intensidade. Sempre auxiliado por Willian Magrão, que aos poucos volta à velha forma de seus melhores tempos. Atrás, Ferdinando dava segurança. Com os laterais projetados, o tricolor pôs o Avaí em seu campo de defesa e exerceu forte pressão o tempo todo, uma vitória tática de Silas. Com os matadores Jonas e Borges (este fez gol bem em seu estilo clássico), o 2 a 0 foi construído naturalmente.

Mas a goleada certa não se concretizou. Ferdinando, amarelado, deu lugar a um desastroso Adilson; Leandro e Borges cansaram; Mithyuê não entrou bem, ao contrário do firme Ozeia. O terceiro gol veio quando o time ainda jogava bem, mas o desconto catarinense tornou o jogo perigoso. O Grêmio achou por bem manter o 3 a 1 que tentar atacar e ser surpreendido com um quase trágico 3 a 2. Irritou a torcida por isso, afinal, os catarinenses jogaram com 10 homens desde os 18 minutos do primeiro tempo. Foi envolvido, vazou por cima, sofreu contra-ataques, mas também perdeu um gol feito, quando Jonas obrigou o goleiro a monumental defesa.

A definição ficou para quarta que vem, mas é inegável a boa vantagem gremista. Superior ao time de Chamusca, o Grêmio só cai se for realmente mal – ou sucumbir ao clima de guerra que os catarinenses estão preparando. Silas, por exemplo, não será bem-vindo. Mas foi uma boa noite, especialmente pelo ótimo primeiro tempo do time e da volta de uma das duplas de frente mais eficientes do país em 2010. Nada que justifique as vaias dos poucos mau humorados de sempre.

Guayaquil

Atuação medonha do Internacional, que presenteou o Emelec com seu primeiro pontinho na Libertadores. Só isso já dá a medida sobre a fragilidade alheia, mas o jogo tratou de demonstrá-las: toda vez que o time da casa recuperava a bola, a devolvia ao Inter com um passe errado ou um domínio mal feito.

Não existem mais razões para a não titularidade de Andrezinho, único jogador que dava uma vitamina ao anêmico time do Inter. O colorado fez jogo equilibrado com o lanterna do grupo – Pato Abbondanzieri foi um dos melhores em campo, o que é péssimo sinal. Para tentar melhorar o desempenho, a entrada de Andrezinho é imperiosa. Nem Giuliano, muito menos D’Alessandro, têm feito o suficiente para que sequer se questione a titularidade do atual reserva. É inexplicável.

Hoje, o Inter perdeu a chance de terminar a fase com 14 pontos, o que diminuiria a possibilidade de pegar um adversário como o Vélez ou o Flamengo logo nas oitavas. Mais que isso: precisará vencer o Deportivo Quito para se classificar. Empatando, terminará com 10, o que pode não ser suficiente. O Flamengo, que perdeu hoje e só chegará a este número, está seriamente ameaçado.

E é bom o Internacional parar com este discurso de que ganhar em casa e empatar fora lhe dará o título na Libertadores. Elogiar o resultado de hoje com base nisso é, no mínimo, tapar o sol com a peneira. Muito mais correto seria enxergar que, com o futebol apresentado até agora, a vida colorada na competição terminará assim que o primeiro time grande cruzar o seu caminho. Seja qual for este rival, certamente não dará as chances que o Emelec deu.

7 a 0 basta

Não há mais o que falar do Santos. Talvez só uma pressão tipo a que o Grêmio aplicou no próprio Santos em 2007 seja a forma de pará-lo. Talvez. Ou botem o Barcelona de uma vez para fazer o tira-teima.

Foto: Jonas e Borges marcaram os três gols que encaminham a classificação gremista (José Doval/Grêmio).